sobre todas as coisas

Eis o último texto da Afrodite. É muito bom falar sobre coisas que a gente conhece. Nesse caso eu queria conhecer mais, conhecer todos os meses... É MUITO BOM VIAJAR!

ESSÊNCIA

Ela acreditava que quando viajava entrava numa outra esfera.
A esfera do desconhecido, do “desplanejado”, do desafiador.
Sabia que sempre era um convite para descobertas. Poderia ser através da pessoa que senta ao seu lado, ou entrando naquela igreja que deveria estar de portas fechadas.
O que interessava era o convite.
E a oportunidade.
E os dois sempre andavam juntos.

Todas as vezes que tivera oportunidade aceitara os convites.
Conhecia um pouco do mundo e muito do interior.
As paisagens eram completamente diferentes, mas a essência era sempre a mesma.

Em todas as viagens ela tinha o mesmo medo: o de se dar bem. Era um medo incrível que ela chamaria de síndrome do pânico da felicidade. Poderia estar ligado ao caminho (já que paradas inesperadas geravam nela uma certa adrenalina maldita, aquela que entra provoca pânico e sai, sem deixar vestígios aparentes, a não ser uma palpitação, mãos suadas e uma vontade louca de dizer: “anda, por favor...!”), à pessoa que senta ao seu lado (não queria ninguém. Se viesse alguém que fosse uma senhora, com história para contar e de preferência banho tomado... odiava cheiros desconhecidos), ao roteiro que ela desconhecia, ou às surpresas que ela mesma se aprontava (na França, conseguiu, por exemplo errar a data de reserva do hotel... em um mês. Acabou pagando pelo erro... A mania de perfeição, de controle absoluto – sabia ela -  tinha lhe aprontado uma... Bem feito, só aprendia quando pagava!).

Enquanto estava no caminho os medos desapareciam.
As línguas surgiam fluentes e era capaz de falar sobre qualquer assunto.
Tinha para si que só se conhece um lugar experimentando sua gastronomia. Apreciava. Degustava o paladar da viagem. Para ela cada ponto visitado tinha uma cor, uma flor, um perfume e claro, tinha um sabor...
Cada vez que lia seus registros a memória falava mais alto. Era como se retornasse no tempo e revivesse. Sentia tudo de novo. Poderia dar mil exemplos, mas um dos mais marcantes fora a pequena cidade italiana pertinho de Veneza... Ela era cor e flor de cereja (ahhh, as cerejeiras floridas!), cheirava a grama verde, tinha sabor de iogurte de café (que ela degustava todas as manhãs). A Itália era toda marcante.
Poderia fazer isso com qualquer roteiro. Alguns teriam mais charme do que os outros. Mas era assim que registrava suas viagens.
Não lhe interessavam pontos turísticos comuns. Interessava a vida de quem fazia a  cidade, queria fazer parte da rotina...

Pessoas lhe intrigavam... Talvez devesse ter sido psicóloga, ou socióloga, ou antropóloga... Qualquer umas dessas “ólogas” saberia lhe entender...
Rostos tão diferentes, sotaques estranhos (alguns que ela nem entendia) e destinos cruzados. E ela sempre tinha a mesma sensação: aprenderia algo.
Sempre que  escutava a história de alguém (mesmo que de longe), tentava imaginar o que levava este alguém a partilhar sua história. O que aprenderia com esse “alguém”, que na verdade beirava o “ninguém” (já que ela costumava se isolar dentro de um livro e viver a vida alheia!).
Na última viagem, descobriu o valor da mãe (descobriu? Não. Reviveu, reavaliou...). Escutava a história de uma senhora que talvez visse a mãe pela última vez. Ela então parou para pensar no valor que sua mãe tinha. Chegou à conclusão que sem ela não poderia viver na estrada, já que ela era seu suporte, seu porto seguro, sua retomada e seu retorno . Era uma razão . Confiava nela sempre.
Mas essa foi só a última.
Já tinha descoberto tanta coisa, vivido tanto, chorado quieta seus problemas das mais diversas formas. Escrevia. Lia. Desenhava. Fotografava. Fazia planos.

Toda viagem voltava cheia de fôlego. Cansada e nova.
Voltava com a certeza de que o mundo era seu.
Mas aqui era o seu lugar!

Viajar lhe transformava em uma pessoa completa.
Capaz de entender os outros e respeitá-los.
Capaz de perceber que felicidade é a coisa mais simples do mundo.
Depende sempre do ângulo da foto!


  





A FESTA DA UVA ANDA AGINDO DE MANEIRA ESTRANHA SOBRE A MINHA PESSOA! HAHAHAHAHA

O texto é para pensar no que queremos com a próxima majestade...


A neta da NONA


A cidade estava fria, congelante, mas a alma dela estava quente.
Adorava aquele lugar, mesmo com nevoeiro que evocava um o clima meio londrino!
Esta não era uma cidade qualquer. Era uma CIDADE GRANDE com ALMA DE INTERIOR. Sim, ela tinha dito alma. Para ela isso significava que a cidade tinha raízes, memórias e uma história para contar no presente e no futuro.

Era um bom dia pra pensar.
Ela, num jogo psicológico, começou então a traçar paralelos e paradoxos da cidade com o mundo.
Como caberia numa cidade tão grande, uma festa com cara de interior?
Que interior era este que tinham eles tanto orgulho em mostrar? Porque orgulho de uma festa com “cara de passado”, se a cidade se vangloriava em ter “cara de futuro”?

Algumas destas perguntas eram fáceis de responder.
Outras estavam longe de sua compreensão.
Mas ela sabia por que se orgulhava tanto da “festa do interior”. Ela tinha orgulho em pertencer a um “clã” italiano. Ela sabia de sua história. Desde pequena escutava as “nonas” contarem, entre uma laçada e outra de crochê, como os pais e avós tinham chego às terras brasileiras. Sabia das pestes e crises que assolaram a Itália dos idos 1800 e poucos. Tinha tudo isso na mente e por isso, se orgulhava em ver o resgate do passado na festa.

Mas uma coisa a incomodava e muito...
A corte nem sempre entendia esta história.
Não, ela nem estava pensando nas roupas, cabelos e assessórios. Estava pensando mesmo, era na figura da rainha que conquista seus súditos pelo afeto, pelo carisma. Uma rainha com alma colona. Alma popular, que tivesse a capacidade de falar com todos independente da cultura, de abraçar as vovós e brincar com as crianças.

Ficava pensando que a festa precisaria de uma NETA daquelas NONAS que tem a história contada no rosto, pelas rugas e sinais. Essa nona, figura querida, acolhedora, deveria ser a anfitriã de uma festa familiar. Claro, porque esta festa era acima de tudo familiar. A nona teria os olhos claros e calejados pelo tempo. Como todas as matriarcas, teria chorado muito, perdido muito e ganho outro tanto. Saberia como ninguém falar do cotidiano do interior (aquele que a festa exalta), do jeito que se colhe uva, das tarefas que ELA dava ao nono (como cortar a lenha e colher o milho), dos pratos preferidos do marido (o nhoque, com o molho de galinha que ela mesma matava), das laçadas de crochê e dos novos pontos de tricot, que aprendia com as cunhadas alemãs que moravam perto da capital...
Essa deveria ser a verdadeira rainha.

Certo, uma nona não tem a presença de uma NETA.
Então, que esta neta, entendesse a vida da nona. Soubesse da história que cerca sua família, da força que tem seu sobrenome, da trajetória que ele conta. A neta, futura rainha, não teria um discurso pronto (aquele que falasse da beleza da cidade, das qualidades da uva, do pólo metal mecânico... nem que somente agradecesse a força que vinha dos pais e amigos próximos...), ela queria que a rainha falasse do sentimento de pertencer a terra. Da terra que ela deveria amar, com cheiro de chuva molhada, uva esmagada e manhã gelada.
Queria uma rainha que sentisse alegria em ter origem.
A rainha poderia ser um mulherão, espontânea, falaria com os olhos, com as mãos e com as palavras. Sempre certas. Sempre calmas. Sempre emocionantes. Este turbilhão de sentimentos estaria estampado na sua capacidade de envolver a cidade de braços abertos, sentindo o calor das “impessoais” almas caxienses.

Sabia o que isso significava, estava querendo uma rainha de porte Kate (Midletown). Original, que não pudesse ser forjada, não pudesse ser manipulada ou treinada.  Uma rainha que SOUBESSE ser e não APRENDESSE a ser. Acreditava que a rainha já NASCE. Ninguém CRIA uma rainha. Ou ela É ou NÃO É.

Preocupava-se  ainda com o estrago que esta rainha faria nas pequenas meninas.
Todas por um tempo teriam como sonho SER, na hora certa, A PRÓXIMA RAINHA.
A cultura italiana, a beleza da mulher da terra, o gosto pelas coisas simples estariam condenados a crescer ou morrer nos braços da soberana.
É difícil apagar uma primeira impressão. É difícil desfazer-se de um sonho. É difícil reconstruir um castelo depois de destruído.

Ela queria dizer à soberana para ter cuidado.
Saberia se estava ou não sendo pura e verdadeira.
Queria dizer à futura rainha, que as chaves da cidade, incluem corações. E que, portanto cuidado: corações se quebram com facilidade.
Principalmente daqueles que sabem que são a “alma da festa”!

Que viesse então, a NETA DA NONA.
Boa Sorte!










UEBA! O TEXTO NOVO - CARTA PARA O MEU FILHO...

SOBRE AS MULHERES...

Ela sabia que estava enrolada. Mas falar dos próprios defeitos (mesmo que fossem de forma geral) era difícil. Tinha se prometido escrever ao filho sobre as falhas  femininas (já que tinha escrito à filha uma carta em falava sobre os príncipes encantados de mentirinha)... Será que ela se considerava perfeita, já que não enxergava seus defeitos?
E lá foi ela novamente à frente do computador... Em algum momento tinha que sair, estava ali, pronto, só faltava escrever! Mas ela não tinha coragem de ler!

Fechou os olhos, e então de uma só vez começou:

“Filho querido,

Apesar de eu não encontrar meus defeitos, sei que temos. Quero dizer, sei que as mulheres têm defeitos. E talvez tenha eu, encontrado o primeiro meio sem querer: não admitimos que tenhamos defeitos. E quando admitimos vamos ao terapeuta, afinal, só alguém especializado pode nos apontar o dedo e os defeitos. Ah, e se são defeitos e se temos terapeutas, logo não teremos mais defeitos!

As mulheres são realmente seres complicados. Quando dizemos sim, podemos estar simplesmente concordando pra não discutir. Quando dizemos não, gostaríamos (as vezes) de estar dizendo sim, e o talvez é a palavra que mais gostamos de usar. Afinal talvez pode ser sim e pode ser não, depende do lado em que está a verdade. E filho, a verdade é sempre feminina! Sabemos como ninguém conta-la de um jeito tão convincente que até nós acreditamos!

Outro ponto delicado do universo feminino é a estética. Nunca fale que ela está acima do peso, ou que o cabelo está ficando branco, ou que as rugas começaram a aparecer. Diga a  ela que você a ama do jeito especial que ela é, indiferente da sua aparência. Elogie. Mulheres adoram ser elogiadas. Mesmo que você não tenha percebido o novo corte de cabelo (novo? Normalmente só tiramos as pontinhas!), a nova cor das unhas, o novo batom (geralmente um novo vermelho - igual, mas diferente do anterior!).  Mulheres são iguais a gatinhos... ronronam baixinho precisando de carinho!

Para as mulheres modernas, o trabalho tem um espaço fundamental na vida. Então a apóie. Saiba que ela terá vários compromissos além dos horários normais. A acompanhe sempre que possível afinal, você é o companheiro dela. Ela lhe levará como um troféu: sou linda, bem sucedida e bem casada (nunca admitimos, mas adoramos pensar assim!).

Não a trate como mãe. Seu papel na vida dela é o de amá-la. E o dela é de amar você. Ela não é sua mãe. É sua namorada, esposa, amante. Com ela você tem uma relação de iguais, uma relação de troca baseada no amor e na palavra. Ah sim, ia me esquecendo adoramos discutir a relação. Acreditando, sempre que é para melhorar (mas na realidade queremos ouvir o quanto somos importantes dentro de suas vidas).

Algumas de nós têm uma memória afetiva bem ampla. Conseguem esquecer deslizes, mas não perdoa-los. Ou será que perdoam, mas não esquecem? O fato é que quando você menos espera, uma indireta poderá vir na sua direção, lhe acusando do erro passado... Por isso, conselho de mãe: não deslize, não erre, não apronte (sei que você aprontará afinal é homem, então faça longe dos olhos e do coração da amada). E se aprontar, seja sincero, conte (na hora certa) o que você fez, demonstre arrependimento, e nunca, jamais volte a errar. Conosco não há segunda chance!

Filho gostaria de te dizer que nenhuma mulher amará você como eu amo.
Mas essa frase é egoísta demais para o meu vocabulário.

Então vou te dizer que você terá o amor que merece, sempre que você se doar, seu amor crescerá. Porque amor é assim, uma via de mão dupla – aquilo que você dá retornará para você... Sei que você sofrerá várias vezes por amar demais. Outras tantas por amar “de menos”. Talvez chore por ter deixado a mulher dos seus sonhos escapar...

Mesmo assim, vou te ensinar a se doar para o amor. Vou te ensinar a ser um príncipe encantado: alguém que tenha sonhos realizáveis e queira uma companhia para a vida toda. Assim como vou ensinar sua irmã a ser uma princesa moderna: inteligente e independente. Quero que vocês entendam que envelhecer ao lado de quem se ama é o melhor presente para a eternidade.

Seja feliz, erre bastante e ame muito!
Sofrer faz parte da existência. Aprenda e cresça!

Sua mãe!”










PARA RELEMBRAR!

O CÉU E A VIDA





Estava com saudades de passar por aqui, por isso decidi postar mais um textinho antigo da Afrodite, para refrescar a memória da gente...
Quem sabe não ativamos a tal da tecla do CTRL+Z????


ESCOLHAS

E então, certo dia ela sentou-se à frente do computador e começou a pensar na função CTRL+Z. Nas artes gráficas e nos programas de edição ela dá a oportunidade de retroceder, de consertar aquilo que não ficou bom, ou o que saiu do controle.
Passou a pensar que o comando poderia ser usado na vida. Em nada significaria que estivesse descontente com o que tem, mas acreditava que seu futuro poderia estar melhor.
Pensava se todas as escolhas que fizera até o momento, estariam coerentes com a vida que traçara na adolescência, quando tinha sonhos e projetos.
Mas, por que pensar nisso? Saudosismo? Infelicidade? Provocação?
Uma amiga lhe dissera, há um tempo, que era mania de perfeição. Ela acreditava que essa definição passava longe. Não estava ligada à perfeição. Estava ligada à inquietude, afinal tinha o controle sobre o seu destino, mas depois de um tempo achava que não era bem isso que queria!
Não acreditava que era diferente de todo ser humano que pensa, corre, chora, vibra e vive por ai, talvez fosse demais: pensasse demais, quisesse demais controlar seu caminho, não estivesse preparada para surpresas nem para descobertas que não estavam previstas. Gostava de organização pessoal, gostava de ter a certeza do que estava fazendo.
Se, talvez retrocedesse, faria a mesma escolha.
Na verdade, não lhe importava conhecer o futuro. Aquele jargão de que a história de cada um se constrói devagar e, todo dia é um novo aprendizado tornava-se a mais pura verdade.
Por que estaria refletindo assim? Simples, duvidava de quem nunca tivesse parado e dito pra si mesmo – “poxa, eu devia ter feito da outra maneira...” ou “devia ter escolhido o outro amor...”, ou ainda “deveria ter aceito a outra oportunidade”. Sabia que o pior era quando comparações e suposições fossem tecidas, como por exemplo,... “Se eu tivesse escolhido o outro amor, estaria como ela, casada com ele e feliz...”.
Certo, mas e o amor de hoje, e a família de hoje, àqueles que ela amava hoje como se não tivesse amanhã...? Não conheceria o sorriso da filha nem sentiria os novos chutes do menino que carregava dentro dela... Hoje é uma dúvida que não lhe pertencia mais... Hoje virou a certeza de que o amanhã será inquieto e fará pensar nas escolhas, cada vez mais.
O problema que ela criou (sim, adorava criar problemas existências para si mesma) era de longe simples para uma terapia resolver... “Esqueça do passado, diria a terapeuta. Largue das lembranças...”.

Mas (e sempre tem um “mas”) ela era uma mistura do passado e do presente com sede de futuro. Queria saber como seria seu amanhã, mas não para acreditar, para desconfiar de quem “lera a sua mão...” Para poder mudar de novo a trajetória. Afinal quem disse que ela devia seguir seu destino? 

Entendeu então, que ela fazia as próprias escolhas, indiferente de querer ou não usar a função CTRL+Z!







Sou articulista da Afrodite.
Aqui, você encontra o último texto publicado lá.
Penso muito, falo muito, preciso então, escrever muito!

Aproveite!


Este é o último, lançado em janeiro de 2011.


UM SUSTO E UM COMEÇO...

Era meio dia num lindo domingo de sol.
Ela ouvia as badaladas do sino da Catedral, no mesmo instante em que sentia o cheiro gostoso do almoço feito pelo marido. Sim aquele mesmo amor que a acompanhava a bons anos e que hoje falava dos temores de perdê-la...
Ela quase partira. Não para uma viagem qualquer... Um acidente bobo com o corpo após um procedimento de rotina a fazia se questionar até onde se arriscaria em prol da beleza.
Concluía que o corpo é uma máquina. Bem feita, de engrenagens nada sólidas.
Engrenagens que esmorecem com o passar do tempo, que se transformam sem que os olhos percebam.
Pensava sobre isso após uma amiga ter-lhe dito: “Pare um pouco, seu corpo não é uma máquina”.
Parecia que se parasse, o fim estaria perto.
A vida sempre agitada não lhe permitia paradas. Estava descuidando de algo, e não percebia que era da saúde. Pensava que assim como ela, várias pessoas vestiam uma  carapuça de ferro: “isso nunca acontecerá comigo, sou forte, e não tenho tempo para perder com bobagens...”
Bobagens!?
Entendeu sob fortes complicações que cuidar de si não era bobagem.
Parar, não era perda de tempo.

Prometeu então mudar. Cuidar de si e de quem ama.
Prometeu que a lista de desejos para 2011 teria motivos para se orgulhar.
Motivos para viver bem.

Em primeiro lugar cuidaria do tempo que investe em si. Praticaria exercícios físicos assim que o medico a liberasse, comeria pratos coloridos, não tomaria mais refrigerante e nem precisaria mais da “bendita” fluoxetina. Nada de cigarros e festas regadas a bebidas alcoólicas. Elas não fariam mais parte do seu fim de semana. Estaria de bem com a vida, sem estresse, aprendendo a levar o tempo que dispunha (será? Isso tudo era tão distante dela que teria que disciplinar-se com rigor).
Rezaria mais. Incrível como só lembrara que tinha um Deus amigo por perto quando precisara dele. A fé estava adormecida. Não era descrente, mas não cultivava o hábito de conversar com Deus, nem para agradecer nem para pedir. Era a hora de começar a agradecer (afinal estava viva!).
Cuidaria claro do marido. Sabia que estava o colocando num plano meio mediúnico. Poucas conversas e psicografando sentimentos. Nunca tinha pensado que chegaria neste ponto de relação. Sabia, porém que tinha salvação. E estava pronta para salvar. (E o pior, ele a avisava constantemente... “Na sua vida não tem tempo pra mim, você só pensa em trabalhar”...)
Estava ai uma nova promessa. Administraria o tempo, voltaria a estudar e repensaria na carreira. Uma nova especialização, ou um mestrado quem sabe. Uma mulher jovem como ela precisava de desafios constantes. Parar no tempo não estava em seus planos. Ah sim, voltaria a estudar línguas (quase esquecera do detalhe das línguas...  precisava voltar a praticar o inglês e o italiano. E quem sabe aprender o francês ou o espanhol?).
Também não reclamaria mais do emprego novo. Mesmo que os desafios fossem conhecidos. Lembraria que estava numa empresa nova, com pessoas novas e que poderiam fazer diferente.
Viajaria. Em todo feriado que pudesse convidaria o marido para pequenas “luas de mel”. Estariam mais próximos um do outro, teriam uma vida só.
Investiria num plano de previdência privada e compraria um terreno na praia. De preferência próximo aos amigos. Assim poderiam dividir bons momentos durante o ano.

E o mais importante, desta vez só estava se prometendo aquilo que poderia cumprir.

Fazia o que todos fazem num novo começo. Para ela desta vez, não era só a chance de começar um novo ano. Estava começando uma nova vida (tinha ganho uma segunda chance e não queria desperdiça-la). Estava resgatando o compromisso que tinha em ser e fazer feliz.
Talvez tivesse sim que ter tido um bom susto para aprender que não basta saber o quanto importante são as pessoas. Temos que dizer. Poucos entendem aquilo que não dizemos.
E falar “Eu te amo” não é nenhum desaforo!


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"Estamos aqui para aprender..."

O tempo é mesmo injusto, se aproveita das nossas tristezas e as transforma em oportunidades!

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